TALVEZ você já tenha passado pela experiência de comprar um aparelho que, logo depois, apresentou defeito. Digamos que você chamou alguém para consertá-lo. Mas, pouco depois de “consertado”, voltou a dar defeito. Foi muito desapontador!
Algo similar acontece com os governos humanos. A humanidade sempre desejou ter um governo que garantisse a paz e a felicidade. Todavia, os esforços estrênuos para consertar os defeitos na sociedade realmente não têm dado certo. Foram feitos muitíssimos tratados de paz — violados em seguida. Ademais, que governo conseguiu acabar com a pobreza, o preconceito, o crime, a doença e a ruína ecológica? O governo humano não tem conserto. Até mesmo o sábio Rei Salomão, de Israel, perguntou: “No que se refere ao homem terreno, como pode ele discernir o seu caminho?” — Provérbios 20:24.
Não se desespere! Um governo mundial estável não é mero sonho. Foi o tema da pregação de Jesus. Ele chamou-o de “reino de Deus” e ensinou seus seguidores a orar por ele. (Lucas 11:2; 21:31) Naturalmente, às vezes se ouve falar em Reino de Deus nos meios religiosos. De fato, milhões oram por ele diariamente ao rezarem o Pai-Nosso (também chamado de Padre-Nosso). Mas as pessoas dão respostas variadas à pergunta: “O que é o Reino de Deus?”. Algumas dizem: “Está dentro do nosso coração.” Outras chamam-no de céu. A resposta da Bíblia é clara, como veremos.
UM REINO QUE TEM OBJETIVO
Jeová Deus sempre tem sido Rei, ou Governante Soberano, do Universo. Ter ele criado todas as coisas eleva-o a essa alta posição. (1 Crônicas 29:11; Salmo 103:19; Atos 4:24) Mas o Reino a respeito do qual Jesus pregou é subsidiário, ou secundário, em relação à soberania universal de Deus. Esse Reino messiânico tem um objetivo específico, mas qual é?
Conforme explanado no Capítulo 6, o primeiro casal humano rebelou-se contra a autoridade de Deus. Por causa das questões levantadas, Jeová decidiu produzir uma nova expressão de sua soberania. Ele anunciou a intenção de produzir uma “semente” que esmagaria a Serpente, Satanás, e eliminaria os efeitos do pecado que a humanidade herdou. A “semente” primária é Jesus Cristo e o “reino de Deus” é o instrumento que derrotará definitivamente a Satanás. Por meio desse Reino, Jesus Cristo restaurará o domínio sobre a Terra, em nome de Jeová, e vindicará para sempre a soberania legítima de Deus. — Gênesis 3:15; Salmo 2:2-9.
Segundo certa tradução das palavras de Jesus a iníquos fariseus, ele disse: “O reino de Deus está dentro em vós.” (Lucas 17:21, Almeida, atualizada) Queria Jesus dizer que o Reino estava dentro dos iníquos corações daqueles homens corruptos? Não. Uma tradução mais exata do grego original diz: “O reino de Deus está no vosso meio.” (Tradução do Novo Mundo) Assim, Jesus, que estava no meio deles, referiu-se a si mesmo como futuro Rei. Longe de ser algo que a pessoa tem no coração, o Reino de Deus é um governo real, operante, com governante e súditos. É um governo celestial, pois é chamado de “reino dos céus” e de “reino de Deus”. (Mateus 13:11; Lucas 8:10) Numa visão, o profeta Daniel observou o Governante deste Reino como “alguém semelhante a um filho de homem” que, levado à presença do Deus Todo-Poderoso, recebeu duradouro “domínio, e dignidade, e um reino, para que todos os povos, grupos nacionais e línguas o servissem”. (Daniel 7:13, 14) Quem é esse Rei? Bem, a Bíblia chama Jesus Cristo de “Filho do homem”. (Mateus 12:40; Lucas 17:26) Sim, Jeová designou seu Filho, Jesus Cristo, para ser Rei.
Jesus não governa sozinho. Com ele há 144.000 “comprados da terra” para serem reis e sacerdotes associados. (Revelação [Apocalipse] 5:9, 10; 14:1, 3; Lucas 22:28-30) Os súditos do Reino de Deus se constituirão de uma família global de humanos submissos à liderança de Cristo. (Salmo 72:7, 8) Mas, que certeza podemos ter de que o Reino realmente vindicará a soberania de Deus e restabelecerá condições paradísicas na Terra?
O REINO DE DEUS É UMA REALIDADE
Suponha que um incêndio destrua a sua casa. Daí, um amigo que tem posses promete ajudá-lo a reconstruir a casa e a prover alimentos para a família. Se esse amigo nunca lhe mentiu, não acreditaria nele? E digamos que, no dia seguinte, ao voltar do trabalho, você visse que os trabalhadores já estavam removendo os destroços do incêndio e que foram trazidos alimentos para a sua família. Sem dúvida, você ficaria plenamente convencido de que, com o tempo, as coisas não só voltariam ao normal mas também ficariam até mesmo melhores do que antes.
Similarmente, Jeová nos garante que o Reino é uma realidade. Como mostra o livro bíblico de Hebreus, muitas facetas da Lei prefiguraram o arranjo do Reino. (Hebreus 10:1) Vislumbres do Reino de Deus eram também evidentes no reino terrestre de Israel. Não era um governo comum, pois os seus governantes ocupavam o “trono de Jeová”. (1 Crônicas 29:23) Ademais, fora predito: “O cetro não se afastará de Judá, nem o bastão de comandante de entre os seus pés, até que venha Siló; e a ele pertencerá a obediência dos povos.” (Gênesis 49:10) Portanto, seria nessa linhagem judaica de reis que Jesus, o Rei permanente do governo de Deus, nasceria. — Lucas 1:32, 33.
O alicerce do Reino Messiânico de Deus foi lançado com a escolha dos apóstolos de Jesus. (Efésios 2:19, 20; Revelação 21:14) Estes foram os primeiros dos 144.000 que governariam no céu como reis associados de Jesus Cristo. Enquanto estivessem na Terra, esses prospectivos co-regentes encabeçariam uma campanha de testemunho, segundo a ordem de Jesus: “Ide . . . e fazei discípulos de pessoas de todas as nações, batizando-as em o nome do Pai, e do Filho, e do espírito santo.” — Mateus 28:19.
A ordem de fazer discípulos está atualmente sendo obedecida em escala sem precedentes. As Testemunhas de Jeová proclamam as boas novas do Reino em todo o globo, em harmonia com as palavras proféticas de Jesus: “Estas boas novas do reino serão pregadas em toda a terra habitada, em testemunho a todas as nações; e então virá o fim.” (Mateus 24:14) Como um dos aspectos da pregação do Reino, está em curso um grande programa educativo. Os que se sujeitam às leis e aos princípios do Reino de Deus já gozam de uma paz e união que os governos humanos não conseguem produzir. Isso é uma clara evidência de que o Reino de Deus é uma realidade.
Jeová disse aos israelitas: “Vós sois as minhas testemunhas, . . . sim, meu servo a quem escolhi.” (Isaías 43:10-12) Jesus, a “Testemunha Fiel”, zelosamente declarou as boas novas do Reino. (Revelação 1:5; Mateus 4:17) Portanto, é apropriado que os atuais proclamadores do Reino levem o nome escolhido por Deus: Testemunhas de Jeová. Mas por que as Testemunhas de Jeová dedicam tanto tempo e esforço em falar a outros sobre o Reino de Deus? Fazem isso porque o Reino é a única esperança da humanidade. Os governos humanos por fim acabam, mas o Reino de Deus jamais acabará. Isaías 9:6, 7 chama seu Governante, Jesus, de “Príncipe da Paz” e acrescenta: “Da abundância do domínio principesco e da paz não haverá fim.” O Reino de Deus não é como os governos humanos — que hoje existem e amanhã são derrubados. De fato, Daniel 2:44 diz: “O Deus do céu estabelecerá um reino que jamais será arruinado. E o próprio reino não passará a qualquer outro povo. . . . ele mesmo ficará estabelecido por tempos indefinidos.”
Que rei humano poderia acabar com os problemas da guerra, do crime, da fome e dos sem-teto? Ademais, que governante terrestre poderia ressuscitar os mortos? O Reino de Deus e seu Rei cuidarão desses assuntos. O Reino não apresentará defeitos, como se fosse um mecanismo que sempre precisa de conserto. Ao contrário, o Reino de Deus será bem-sucedido, pois Jeová promete: “A minha palavra que sai da minha boca . . . não voltará a mim sem resultados, mas certamente fará aquilo em que me agradei e terá êxito certo naquilo para que a enviei.” (Isaías 55:11) O propósito de Deus não falhará, mas, quando começaria o governo do Reino?
GOVERNO DO REINO: QUANDO?
“Senhor, é neste tempo que restabeleces o reino a Israel?” Esta pergunta dos discípulos de Jesus revelou que eles até então não sabiam qual era o propósito do Reino de Deus e o tempo marcado para este começar a governar. Alertando-os a não especularem sobre o assunto, Jesus disse: “Não vos cabe obter conhecimento dos tempos ou das épocas que o Pai tem colocado sob a sua própria jurisdição.” Jesus sabia que seu governo sobre a Terra seria no futuro, bem depois de sua ressurreição e ascensão ao céu. (Atos 1:6-11; Lucas 19:11, 12, 15) As Escrituras haviam predito isso. Como assim?
Referindo-se profeticamente a Jesus como “Senhor”, o Rei Davi disse: “A pronunciação de Jeová a meu Senhor é: ‘Senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos como escabelo para os teus pés.’” (Salmo 110:1; note Atos 2:34-36.) Esta profecia indica que o governo de Jesus não começaria logo após a sua ascensão ao céu. Em vez disso, ele teria de esperar à direita de Deus. (Hebreus 10:12, 13) Quanto tempo levaria essa espera? Quando começaria o seu governo? A Bíblia ajuda-nos a achar as respostas.
A única cidade na Terra sobre a qual Jeová colocou o seu nome foi Jerusalém. (1 Reis 11:36) Era também a capital de um reino terrestre, aprovado por Deus, e figura representativa do Reino celestial de Deus. Assim, a destruição de Jerusalém pelos babilônios, em 607 AEC, foi muito significativa. Este evento marcou o começo duma longa interrupção da regência direta de Deus sobre seu povo na Terra. Uns seis séculos mais tarde, Jesus indicou que esse período de interrupção ainda vigorava, pois ele disse: “Jerusalém será pisada pelas nações, até se cumprirem os tempos designados das nações.” — Lucas 21:24.
Durante “os tempos designados das nações”, os governos seculares teriam permissão de manter interrompido o governo aprovado por Deus. Esse período começou com a destruição de Jerusalém, em 607 AEC, e Daniel indicou que se estenderia por “sete tempos”. (Daniel 4:23-25) Qual é a duração disso? A Bíblia mostra que três “tempos” e meio equivalem a 1.260 dias. (Revelação 12:6, 14) O dobro desse período, ou sete tempos, seria 2.520 dias. Mas nada de notável ocorreu no fim desse curto espaço de tempo. Contudo, se atribuirmos “um dia por um ano” à profecia de Daniel e contarmos 2.520 anos a partir de 607 AEC, chegaremos ao ano 1914 EC. — Números 14:34; Ezequiel 4:6.
Começou Jesus a reinar no céu naquele ano? Razões bíblicas para uma resposta afirmativa serão consideradas no próximo capítulo. Naturalmente, o começo do governo de Jesus não seria marcado por imediata paz na Terra. Revelação 12:7-12 mostra que assim que recebesse o Reino, Jesus expulsaria do céu Satanás e os anjos demoníacos. Isto significaria calamidades para a Terra, mas é animador ler que ao Diabo resta apenas “um curto período”. Em breve nos alegraremos, não apenas porque o Reino de Deus já domina, mas também porque trará bênçãos para a Terra e a humanidade obediente. (Salmo 72:7, 8) Como sabemos que isso acontecerá em breve?
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